A pandemia da COVID-19 alimenta os assuntos de todo o mundo há 18 meses e se houve área afetada com todos os avanços e recuos no combate ao vírus, foi a restauração.

O concelho de Penafiel tem uma rede alargada de estabelecimentos de restauração e similares e todos sentiram grandes dificuldades em aguentar o negócio.

Não foi diferente para Ricardo Guimarães que gere, junto da família, um negócio que já abrange dois espaços de restauração: o Monja e a Cantina do IPI, bem no centro da cidade de Penafiel.

Ambos os espaços, distintos e com uma oferta de requinte e qualidade, viram a linha do gráfico da faturação dos negócios oscilarem de uma forma inexplicável.

“Foram tempos díficeis de gerir quer ao nível financeiro, quer ao nível da equipa de trabalhadores. Financeiramente foi complicado porque estivemos vários meses fechados e as vendas por takeaway não foram solução para aguentar a despesa dos espaços físicos. Ao nível da equipa, a sua gestão emocional foi o maior dos desafios”, começa por explicar o gerente que, tal como toda a sociedade, para além do negócio, também sentiu todos os receios e dúvidas que a doença foi provocando no mundo e nos mais próximos.

A pandemia teve já vários momentos, sendo o verão o “balão de oxigénio” para o setor da restauração. Em 2020, foi no verão que as portas voltaram a abrir, com todas as medidas de segurança que segundo Ricardo Guimarães “eram mais que necessárias. Houve regras menos coerentes, mas no global, as medidas de segurança não podiam ser de outra forma”, avançou.

A segunda vaga atingiu a região muito antes do resto do país e apesar de não estarem fechados, perceberam que iam ter menos clientes. E 2021 começa com mais uma paragem que trouxe a “pior fase na gestão do negócio”. “Apesar dos apoios à restauração, janeiro foi o mês em que a gestão financeira falou mais alto e tivemos de fazer cortes, despedimos pessoas que sabíamos que não tinham rede e isso foi emocionalmente doloroso para nós que temos de gerir vários aspetos no negócio”, confessou Ricardo Guimarães.

Foram mais dois meses em que tiveram de viver muito mais para o concelho de Penafiel do que para concelhos vizinhos que em época “normal” são os que mais procuram o Monja e a Cantina do IPI, através do takeaway e entregas ao domicílio, apoiado por empresas de entregas que “muito ajudou a AEP na existência das mesmas”, como foi o caso da Uber Eats.

A retoma já a coincidir com novo verão tem sido “muito boa. Ambos os espaços estão a trabalhar a tempo inteiro, num esforço brutal das equipas que se movem num único sentido, o que para nós é motivador. Queremos que a tendência se mantenha e que no outono possamos ter já a capacidade de reforçar com novas contratações, numa forma de compensar o esforço feito por todos neste momento”, explicou Ricardo Guimarães que tem voltado a ver “o largo e a cidade de Penafiel a viver como antes da pandemia, mesmo que dentro das regras ainda existentes. Por momentos até nos esquecemos que ainda estamos em pandemia. A verdade é que a corrida à vacinação tem trazido mais confiança a todos, e aos poucos as ruas começam a ter os jovens e os adultos a viverem com outro ânimo”.

Tendo consciência que o setor da restauração andou sempre a “servir de meio de experiência para as medidas de segurança”, Ricardo assume que “os espaços de restauração são seguros e que progressivamente podemos todos voltar às nossas vidas, sendo certo que não viveremos de igual forma. Foram quase dois anos em que os comportamentos mudaram e mudaram para sempre. Houve um reorganizar na forma de viver que veio para ficar. Os grandes grupos a confraternizarem vão ser poucos e daremos certamente mais valor aos núcleos, à tão falada «bolha»”, concluiu o gerente que está “otimista para o futuro”, uma vez que considera que “só temos o caminho ascendente, batemos demasiado no fundo, só temos o caminho de crescimento no horizonte. Vamos demorar a chegar a outros números, mas o caminho é positivo”.

Cantinha do IPI: facebook.com/pluraldeinterior
Monja: facebook.com/monjadepenafiel