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Apostar na Saúde e Segurança nas Empresas: Um Investimento com Retorno Garantido

Independentemente das formas de o conseguir e das estratégias assumidas, o objetivo final de um empresário é o de garantir uma boa rentabilidade da sua empresa que, entre outros indicadores, se traduz pelo lucro obtido.

Para tal ser conseguido, qualquer empresa tem, de forma regular, de investir na sua estrutura de modo a se manter competitiva e de reforçar o seu posicionamento no mercado e a sua robustez concorrencial. De entre esses investimentos mais convencionais, pode-se apontar o investimento em novos e inovadores equipamentos, em requalificação e modernização de instalações, em angariar e reforçar o posicionamento em mercados internacionais, em implementação de plataformas digitais e lojas on-line, em utilização de energias renováveis e processos sustentáveis, em consultoria e formação especializada para os seus quadros técnicos, entre outros…

Mas cada vez mais, e com especial relevância nos últimos anos, o investimento na saúde e na segurança no trabalho tem-se assumido como uma prioridade de muitas empresas que desejam prosperar no mercado e garantir o bem estar dos seus colaboradores.

Para a obtenção do lucro, um dos caminhos a trilhar é a redução de custos e, neste domínio, a diminuição dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais podem ter um elevado impacto no funcionamento das empresas que, geralmente, não são fáceis de apurar mas que podem influenciar fortemente a rentabilidade da empresa.
De acordo com estimativas divulgadas no Congresso ICOH (International Commission on Occupational Health) registam-se em 2022, a nível mundial, cerca de 2,9 milhões de mortes devido a acidentes de trabalho e doenças profissionais o que, para além de todo o problema social gerado, provoca necessariamente problemas de funcionamento e de operacionalização das empresas, pelo que se tem de caminhar para uma cultura sustentada de saúde e segurança nas empresas.

Por conseguinte, as chefias e quadros diretivos das empresas têm-se vindo a consciencializar na necessidade de investir na saúde e segurança dos trabalhadores, situação que encontra justificação no facto de a redução e/ou eliminação das doenças e dos acidentes no trabalho, através da aposta em equipamentos e práticas mais seguras, evitando acidentes, lesões e doenças, faz com que os trabalhadores sejam mais saudáveis e mais produtivos.

O aumento da produtividade e a redução dos custos das doenças e acidentes no trabalho aumenta a rentabilidade da empresa, nomeadamente através dos seguintes pontos:

  1. Redução das remunerações de trabalho não realizado;
  2. Redução das despesas médicas, onde se inclui a assistência médica e a reabilitação médica e funcional para a vida ativa;
  3. Redução do pagamento de indemnizações;
  4. Redução (ou evitar o aumento) do custo do seguro de acidentes de trabalho;
  5. Redução da perda da qualidade de vida do trabalhador, sobretudo nas situações de acidente de trabalho que conduzem a incapacidades;
  6. Aumento da possibilidade de reintegração profissional e social, incluindo a adaptação do posto do trabalho;
  7. Redução das paragens e/ou diminuições temporárias de produção devido a acidente ou doença; e
  8. Potenciação da formação dada aos trabalhadores que, em caso de paragem, é desaproveitada.

Em Portugal, e apesar dos números continuarem a ser bastante elevados face à dimensão da população ativa, os acidentes de trabalho e as mortes daí resultantes têm vindo a diminuir, registando-se em 1990 mais de 300 mil acidentes de trabalho e mais de 200 mortes, para cerca de metade dos acidentes e cerca de 65% das mortes em 2020, conforme quadro e gráfico detalhados seguintes, extraídos da PORDATA:

Ainda assim, há um longo caminho a percorrer! Quando houver a convicção plena e generalizada de que a aposta na saúde e segurança no trabalho é um investimento e não um custo organizacional, e em que a prevenção significa a obtenção de um retorno do investimento realizado, os números referidos certamente que irão diminuir e as empresas irão encarar o investimento na saúde como uma das prioridades estratégicas de atuação.

As várias campanhas de sensibilização, a par das atualizações legislativas, têm produzido efeitos significativos neste domínio. Segundo dados de um estudo da ESENER (European Survey of Enterprises on New and Emerging Risks), em 2019 perto de 50% das empresas inquiridas em Portugal manifestavam preocupações com a avaliação dos riscos de saúde e segurança em contexto empresarial, enquanto em 2017 esse número era de apenas 4% das empresas inquiridas.

Este parece ser um saudável caminho sem retorno, com recuperação do investimento e, sobretudo, com a implementação de uma cultura organizacional assente na preocupação com a saúde e bem estar dos trabalhadores e da equipa.

Tal como o corpo humano, uma empresa que cuide da sua saúde é, inevitavelmente, uma estrutura mais capaz e melhor preparada para atingir níveis de produtividade e de rentabilidade, num mercado em que cada fator é fundamental para um bom desempenho.

Apostar na saúde e na segurança nas empresas é, também, sinónimo de lucro.