Input Económico

Empresas e Projetos AEP

130 Anos de Uma Robustez Empresarial

Ao longo da sua existência, o concelho de Penafiel evidenciou vários estados de desenvolvimento ao nível da sua atividade económica, revelando ciclos de crescimento e de retrocesso, particularmente no que respeita à atividade comercial, ainda que, na generalidade da sua evolução cronológica, o tecido empresarial de Penafiel sempre apresentou intensa atividade e pujança.

Ainda que se exiba em abundância a importância da Associação Empresarial de Penafiel para o desenvolvimento e progresso da cidade e do concelho de Penafiel, através de inumeráveis e inestimáveis serviços, importa antes aqui, neste espaço, abordar especificamente alguns dados sobre a classe empresarial, no geral, e alguns dos indicadores económicos, em particular.

Assumiu sempre particular importância no concelho de Penafiel o comércio, que para além dos dados quantitativos e mesmo qualitativos, é perfeitamente explicada pela estrutura sociológica dominante, pelo número de atividades existentes e até pela arquitetura e estética das suas casas de habitação, as quais, na generalidade, são compostas de habitação no primeiro andar e loja/oficina no rés-do- chão. O eixo comercial na cidade de Penafiel desenvolveu-se principalmente ao longo da Rua do Carmo, Rua Direita, Rua do Paço e Rua Cimo de Vila (atual Rua Alfredo Pereira), não havendo a identificação nem a correspondência direta entre os nomes das ruas e as artes predominantes, como acontece, noutras cidades, casos do Porto (Rua dos Caldeireiros) e Lisboa (Rua dos Fanqueiros).

Não obstante a dominância do sector comercial, a história de Penafiel releva também a existência de várias indústrias e de ofícios, desde o sapateiro ao tamanqueiro, passando pelos alfaiates, os latoeiros e os candeeireiros, entre outros e, mais recentemente, a indústria transformadora, com especial destaque para o setor do granito e o setor têxtil.

Durante décadas, assim se foi desenvolvendo a urbe, com o comércio, indústrias, cafés, hotéis e pensões, restaurantes e outros estabelecimentos, grande parte deles circunscritos prevalentemente à área delimitada pelo centro histórico, características que ainda hoje se destacam, embora tenha havido um forte desenvolvimento em algumas zonas periféricas do concelho de Penafiel.
Com efeito, e ponderados todos os aspetos e evidências sobre a atividade empresarial de Penafiel, nas diversas vertentes que a caracterizam, é possível estabelecer algumas ilações que, de uma forma breve e sumária, podemos aqui enunciar, nomeadamente os valores mais recentes disponibilizados pelas entidades nacionais responsáveis pela recolha e tratamento de dados e a sua comparação com as respetivas agregações geográficas:

  1. Em 2019, a estrutura económica de Penafiel dissemina-se por um diversificado tecido empresarial, com prevalência de nano e microempresas, apresentando 6.361 empresas registadas e 23.993 trabalhadores ao serviço, o que se traduz em cerca de 3,77 colaboradores por empresa;
  2. O volume de negócios global, em 2019, foi cerca de 1.500 milhões de euros;
  3. Em 2020, foram criadas 176 empresas e encerradas 81;
  4. O ganho médio mensal por trabalhador por conta de outrem, em 2019, ascendia a 940 euros;
  5. Ao nível do comércio internacional, em 2020, o volume de negócios foi cerca de 180 milhões de euros de exportações e de cerca de 108 milhões de euros de importações.

Em termos comparativos, os indicadores relativos ao concelho de Penafiel, representam, em média, entre 15% a 16% do total da região do Tâmega e Sousa, o que revela o peso do aparelho empresarial penafidelense no contexto da nossa região.

Já no aspeto relativo ao ganho médio mensal por trabalhador por conta de outrem, Penafiel apresenta um índice de 109,5 pontos face à média da região do Tâmega e Sousa e de 80,5 pontos face ao total nacional, o que demonstra que, em termos per capita, os trabalhadores que trabalham em Penafiel têm um poder de compra maior do que média da região envolvente, mas muito inferior ao da média nacional, o que demonstra que a região do Tâmega e Sousa é das mais pobres do país.

Já em termos da evolução da última década, no que aos principais indicadores diz respeito, e apesar da forte contração verificada na primeira metade dessa década – em consequência da recessão portuguesa e mundial – em 2019 e face a 2010, o volume de negócios das empresas de Penafiel aumentou cerca de 18%, o pessoal ao serviço cresceu 4% e o número de empresas em laboração subiu cerca de 16%, o que demonstra o dinamismo empresarial que resultou, em boa parte, da modernização infraestrutural e da capacitação dos empresários.

Como sinal inequívoco da robustez do tecido empresarial de Penafiel, na última década o número de empresas por metro quadrado cresceu cerca de 17%.

Em suma, e num plano mais alargado, o diagnóstico que se pode avançar sobre a realidade objetiva do tecido empresarial de Penafiel revela, por um lado, uma elevada existência de estruturas orgânicas de raiz familiar que, apesar da evolução, são ainda geradoras de rigidez face à gestão e planeamento estratégicos, mas por outro lado, um conjunto de grandes empresas que souberam inovar e orientar as suas estratégias de atuação para processos de inovação e internacionalização, conferindo ao aparelho empresarial Penafidelense uma vitalidade e diversidade que coloca o concelho como uma referência para quem quer investir nesta região.

Importa agora, e num contexto em que se afiguram dificuldades, consolidar as bases da estabilidade e preparar as empresas para o futuro, sempre com a disponibilidade e capacidade de intervenção da Associação Empresarial de Penafiel para, na esfera da sua atuação, contribuir para a manutenção da vitalidade e robustez das empresas de Penafiel.

Embora os próximos tempos sejam de incerteza, há que saber o que queremos para as nossas empresas e como o conseguir, pois “o futuro é o que, pela sua natureza, não se pode conhecer porque ainda não existe e, no entanto, não se pode avançar no tempo em relação a esse futuro sem se ter uma imagem ou uma hipótese sobre o que será.” (“O paradoxo da passagem do tempo na limitação da decisão e da análise”, in Relatório Trimestral, SAER – Sociedade Avaliação de Empresas e Risco, Dezembro de 2006).