Input do Empresário

Entrevista ao Empresário José Cota, Gestor do Playlife Fitness Center

A Adaptação ao Digital no Ano da Pandemia

O ano de 2020 vai ficar na memória e na história do mundo devido à pandemia da COVID–19. E ficará durante os próximos anos na luta e resiliência dos empresários que viram os seus negócios fecharem por períodos longos, numa medida de combate à pandemia.

Um dos setores mais afetado foi o dos ginásios que viram as portas dos estabelecimentos fecharem e a terem de se reinventar para poderem manter alguma atividade. Se o digital já era importante antes da pandemia, a verdade é que se tornou fulcral para vários negócios conseguirem sobreviver neste último ano.

Foi o caso do Playlife Fitness Center, em Penafiel e Lousada, que no espaço de uma semana conseguiu transformar o ginásio físico numa plataforma online “www.emcasa.playlife.pt” conseguindo assim continuar a entregar aos seus clientes soluções de treinos e de aconselhamento nutricional.

O desafio era grande, manter a carteira de clientes é o propósito da empresa: Entregar conhecimento e motivação para a prática regular de atividade física e corretos hábitos alimentares aos seus clientes.

José Cota, administrador dos espaços de fitness, assumiu à revista #Input que “o desafio colocado pelo primeiro confinamento foi superado, conseguimos manter 82% da carteira de clientes ativos”. Este feito acontece devido “ao foco e motivação diária de uma equipa grande que pensa e trabalha em conjunto”, adiantou o gestor que diariamente tem de se “automotivar”.

Este é um negócio de família, e por isso as preocupações são ainda mais acrescidas. José Cota afirmou que precisa de “estabelecer objetivos de curto prazo, dando valor às pequenas conquistas diárias e olhar para as ações que conseguimos realizar neste tempo atípico como um investimento que trará retorno a médio e longo prazo”.

O Playlife Fitness Center tem hoje uma estrutura grande, que emprega 34 pessoas e, segundo o gestor, um dos objetivos definidos passou por “não dispensar ninguém”. Até ao momento esse objetivo foi conseguido e é essencialmente fruto da ajuda que toda a equipa tem dado na manutenção de uma relação diária “de um para um” com todos os nossos clientes, relação essa que caracteriza o serviço deste espaço de fitness.

“Tínhamos obrigatoriamente que manter algum nível de faturação e a maior retenção de clientes possível e isso só se consegue entregando-lhes valor, valor esse que tem como chave a relação de um para um que a equipa técnica de treinadores e nutricionistas conseguiu manter com todos os clientes. O cliente precisa que haja um acompanhamento próximo, e mesmo através do online conseguimos faze-lo com sucesso”, justificou.

A partir de junho de 2020, quando foi possível abrir de novo as portas, os clientes começaram a regressar, um dos objetivos era mostrar segurança e confiança na utilização física dos ginásios aos clientes. Houve no período de verão uma ligeira recuperação, e já em janeiro de 2021 viram-se de novo forçados a encerrar portas.

Pelo facto de não ter existido tempo suficiente entre o primeiro e segundo confinamento que permitisse uma real recuperação de clientes ativos “este segundo confinamento está a ter um impacto mais severo e já temos quebras de 35%”. Pensar em regressar aos resultados de janeiro 2020 ainda não é “para já”, no entanto o gestor garantiu que a estratégia para o regresso já está construída e por isso aguardam “melhores dias”.

O exercício físico é essencial para a saúde física e mental das pessoas e para José Cota este era o tempo de “posicionar o setor e torna-lo prioritário. Hoje temos uma opinião publica mais informada e que compreende melhor a importância fulcral que o exercício físico e corretos hábitos alimentares têm na saúde de uma comunidade, falta agora que os decisores políticos também o compreendam e que tomem medidas para que a taxa de praticantes regulares de exercício físico deixe de ser de apenas 6% da população e se aproxime da média Europeia que está acima dos 15%. Temos exemplos de países europeus com taxas de praticantes superiores a 30%” sendo certo que considera os Ginásios “locais seguros que demonstraram grande responsabilidade e assertividade na implementação de todas as orientações da DGS”.

Até ao regresso, o online continua a ser uma solução e toda a equipa está empenhada em construir os melhores conteúdos para proporcionar uma vida mais ativa e saudável aos seus clientes.

Ainda é cedo para fazer balanços, mas no que toca ao primeiro confinamento e a adaptação ao digital, José Cota considera ter sido “positivo. Saímos mais motivados e orgulhos do trabalho que fizemos. O digital será sempre um complemento no futuro, veio para ficar e ajudar nestes momentos mais complicados”.

Para o gestor, este segundo impacto da pandemia (novo confinamento) faz ter algum receio pelo futuro do setor, segundo o próprio “35% dos espaços de fitness no país já encerraram de vez” e isso provoca algum receio. No entanto, é um homem positivo e defende que neste segundo impacto o principal objetivo é “manter os postos de trabalho e definir estratégia para o retorno mais rápido quanto possível para se motivarem para o retorno definitivo”.

No que toca aos apoios do estado para o negócio, o gestor considera que foram “poucos, por vezes demasiado burocráticos no processo de candidatura e carregados de incerteza porque nunca se sabe quando estarão efetivamente disponíveis para a liquidez das empresas. Conciliando a faturação que foi possível manter com os apoios existentes, tem sido possível até á data manter as responsabilidades em dia”.

Como mensagem final de empresário para empresário, José Cota deixa a mensagem “foquem-se nas tarefas diárias que são possíveis realizar hoje e criem valor ao negócio pois isso irá trazer frutos no futuro”.