Input do Colunável

Luis Pedro Martins, Presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal

Sigamos Juntos. Porque Juntos Somos Mais Norte!

O Turismo sofreu no último ano e meio uma inesperada revolução. A hecatombe que se abateu sobre o setor produziu profundas alterações no seu modus operandi a nível global, feito que antecipou em algumas décadas mudanças já expetáveis, mas trouxe também para a ordem do dia, abruptamente, outras inimagináveis antes da chegada da pandemia.

Recentemente a Organização Mundial de Turismo apresentou publicamente as conclusões de um fórum mundial onde essas questões foram debatidas. E a verdade é que no Porto e Norte o impacto dessas alterações foi muitíssimo significativo, mas a dois níveis muito distintos. Se, por um lado, é inegável as perdas turísticas no território no início do ano de 2020 (mais de 90%) logo que decretada a pandemia mundial e o primeiro confinamento, por outro lado, é impressionante, no mesmo ano, meses depois, a capacidade de resiliência, reinvenção e adaptação a novas circunstâncias dos portugueses, que através do turismo interno conseguiram, sobretudo nos territórios de baixa densidade, reverter favoravelmente os números negros do 1º semestre.

Esta capacidade hercúlea de lutar contra as crises e de dar a volta por cima perante as maiores adversidades e já um desígnio nacional.

Veja-se o exemplo deste belo território do Douro, Tâmega e Sousa. Essa força e tenacidade extraordinárias que caracterizam os seus habitantes está inscrita no seu ADN milenar. Já os seus antepassados enfrentaram tormentas e provações históricas para edificar esta paisagem sublime; construir templos soberbos que atravessaram séculos e harmoniosamente tirar proveito do solo, das montanhas, dos rios através de um “saber-fazer” que perdura até aos dias de hoje.

E é precisamente isso que o turista atual procura. “Um regresso às origens”, ao autêntico, ao genuíno. Um concelho como Penafiel com os seus produtos turísticos afirmados – sobretudo em termos do Touring Cultural e Paisagístico, Turismo Religioso, Gastronomia e Vinhos e ainda com um grande potencial em termos de desenvolvimento de produtos como o Turismo Fluvial; o Turismo de Saúde e Bem Estar e o Turismo de Natureza, é manifestamente um território sustentável, calmo, seguro e versátil. Ou seja, o “paraíso” para os viajantes pós pandemia, mas também para os novos “nómadas digitais” que as recentes filosofias do teletrabalho revelaram.

Importa, pois, agora galvanizar esta vantagem. Construir pontes para o futuro. Trabalhar em rede, mobilizando todos em torno de um objetivo comum. Veja-se o exemplo da Rota do Românico, que neste verão integrou uma rede de onze parceiros de turismo de Norte a Sul de Portugal, para sensibilizar a população a realizarem viagens responsáveis, trabalhando conjuntamente para uma literacia para a sustentabilidade. Ou ainda da mais-valia que a nova Rota dos Vinhos e do Enoturismo do Porto e Norte constitui para os concelhos do interior norte e de toda a região. Urge, pois, fazer convergir práticas e politicas nas diversas áreas económicas e sociais por forma a organizar estruturalmente o território, posicionando-o na vanguarda, não só do turismo, mas de muitas outras áreas importantes para a sustentabilidade da região: a produção agroalimentar fundeada nos produtos endógenos de referência; os recursos naturais que permitem potenciar o desenvolvimento económico, como a paisagem, a cultura e o património que, a par da formação profissional, do saber académico e da necessária digitalização do destino, afirmarão inequivocamente o território além fronteiras.

Os resultados começaram já a ser anunciados: o Porto e Norte lidera o ranking nacional com 885 mil hóspedes no primeiro semestre do ano de 2021 com os sub destinos Douro, Trás-os-Montes e Minho à cabeça no número de dormidas e nos proveitos.