Input do Empresário

Joaquim Melo, Gestor da GJR – Pirotecnia

Falar de 2020 é obrigatoriamente falar da pandemia de COVID-19 e dos impactos brutais que está a ter na economia mundial.

Setores mais afetados que outros, mas indiscutivelmente o setor da cultura o que teve maior impacto negativo com milhares de eventos cancelados. É o caso das festas populares que este ano não se puderam realizar, provocando um impacto negativo no setor da pirotecnia.

A GJR, empresa de Rio de Moinhos, Penafiel, com 113 anos, possui duas áreas de negócio fundamentais: explosivos e pirotecnia. Na componente de pirotecnia, no ano de 2020, viu a sua atividade reduzida a 2% da faturação face ao período homólogo.

Salvou-a de pior destino a outra vertente da estrutura empresarial, a atividade de explosivos para o setor das pedreiras e de obras públicas que conseguiu absorver parte da mão de obra da empresa do  departamento da pirotecnia e aguentar a inexistência de trabalho desse setor.

“Não há lay-off, não há despedimentos, todos estão a trabalhar. Deve-se a uma gestão rigorosa, a uma organização financeira e industrial de anos que permitiu esta adaptação do pessoal e suportar a inexistência de trabalho de um dos sectores da empresa”, começou por explicar Joaquim Melo, gestor e engenheiro eletrotécnico da empresa.

Esta decisão focou-se na história da empresa centenária e no foco social que imprime desde sempre. “Tínhamos de pensar no legado, nas nossas pessoas e arranjar uma solução. Os sonhos antigos estão agora a ser trabalhados porque há tempo, disponibilidade e esperança no dia de amanhã”, assumiu Joaquim Melo.

O Departamento da pirotecnia está desde o início do ano a produzir a pensar no futuro, a desenvolver equipamentos e outros projetos que em outros anos a falta de tempo não permitia. Parte da equipa foi absorvida e redirecionada para a produção de pólvoras e explosivos, o que justifica o facto de não haver encerramento de portas, como aconteceu em muitas fábricas do ramo, e não só, por todo o país, por todo o mundo.

O Natal é uma época de muito trabalho, pensando na passagem de ano em que o fogo de artifício faz brindar o novo ano, renovar esperanças e projetar sonhos. Este ano, a própria empresa foca-se no futuro, renova esperança e aposta em melhorias, mas com faturação zero. É que nem a passagem de ano vai minimizar o impacto do ano perdido.

“Só com um milagre é que a passagem de ano nos salva o ano. Ainda tivemos pedidos de orçamento, mas a evolução da pandemia deixa-nos numa incerteza que temos dúvidas que seja possível recuperar com os poucos eventos que ainda possam acontecer”, admitiu Joaquim Melo.

Numa altura em que a resiliência é palavra de ordem, o gestor assume que “investimento e a nossa equipa é o que nos podem salvar. Apostar agora para colher nos tempos vindoiros. Parar é morrer”.

Para os empresários, deixa uma mensagem de esperança e acima de tudo de “vontade. É preciso ter vontade de continuar e trabalhar pensando no futuro. O futuro vai chegar”.